Mundo Virtual – Será Que Estamos Realmente Vivendo?
“Estamos sempre nos preparando para viver, mas nunca vivendo – Ralph Valdo Emerson”
Às vezes nossa vida é tão agitada, com tantos compromissos, coisas a fazer, pessoas a encontrar, lugares a ir, que mal percebemos o quanto as pessoas mais importantes que temos a nossa volta, que são família e amigos, precisam de nossa atenção e ajuda, às vezes até mesmo pessoas que não são tão próximas, mas que apenas nos observam e também necessitam de algo único que somente nós podemos oferecer.
Nos dias atuais onde todos estão tão conectados, mas tão vazios, a solidão esta muito evidente, a maioria das pessoas estão juntas, porém distantes, às vezes espremidas em metrôs ou trens nas grandes estações da vida, porém mal trocam olhares, caminham nas ruas, mas não se olham ou mesmo se falam e mesmo nos momentos de descanso em seus lares, preferem o isolamento e a solidão de seus smartfones, tabletes etc, do que a convivência com os seus.
Os amigos virtuais são muitos, porém os reais quando contados não chega a somar os dedos das mãos.
Pois os amigos que temos nas redes sociais são pessoas que simpatizam com as coisas virtuais que postamos ou curtimos, eles se identificam com a ótica que temos do mundo que queremos mostrar, porém muitas vezes a nossa verdadeira realidade não seja a mesma mostrada virtualmente.
Assim o conflito que existe entre esses 2 mundos vai se tornando um fardo para quem os carrega, pois há uma discrepância entre eles e as vezes isso muito nos incomoda. Quando é chegada a hora de nos desconectar e voltar para o mundo real, pois nos dias de hoje parece que tudo que é feito deve ser mostrado e compartilhado, às vezes toda essa quantidade de informação para alguns apenas serve para aumentar sua dor e solidão.
Estudos já provaram que pessoas que passam muito tempo conectados a redes sociais são mais infelizes, pois ficam comparando suas vidas e atividades com as vidas e atividades dos demais conectados.
Nesse mundo conectado onde todos têm acesso a informações o elemento de comparação ficou ainda mais apurado, hoje entramos na casa de nossos amigos e eles em nossa casa sem pedir licença, nossos filhos entram na casa dos amigos, vê a mobília, os brinquedos, eletros domésticos, roupas, carros etc, e muitas vezes ficam insatisfeitas com o que podemos oferecer a eles, alguns apenas se isolam aumentando a distância que existe entre as famílias.
A vida conectada é vazia e se resume numa pessoa de cabeça baixa e mãos ocupadas digitando. E isso muitas vezes mesmo estando cercadas por pessoas das quais deviam estar compartilhando o momento presente, ou seja, a família e ou amigos. Hoje em dia se tornou impossível ter um diálogo, pois ter a atenção das pessoas conectadas é quase um milagre, toda conversa real fica fragmentada, as coisas mais importantes da comunicação verbal está se perdendo, se tornando obsoleto, já não há mais o olho no olho, o observar as expressões e reações causadas pelas palavras, assim as pessoas vão ficando cada vez mais vazias e insensíveis, suas conversas são apenas baseadas em textos e muitas vezes escritos de forma abreviada.
Será esse o futuro de nossa forma de se expressar? Será esse o destino de nossas relações? Abreviar palavras, tornar raso os sentimentos e emoções? Seria essa uma das razões de tantas relações hoje não serem duradouras?
A tecnologia é necessária, faz parte de nossos dias de nossa evolução, porém a vida real tem muito mais sentido, alegria e prazer que a vida virtual, a verdadeira vida acontece lá fora, longe desse pequeno universo, longe das conexões ou redes sociais, ela está ligada a tudo o que realmente tem valor e da razão a nossa existência, a vida plena está ligada ao sentimento de conexão com as pessoas que nos amam, como nossos pais, cônjuges, filhos, amigos, com atividades reais e saudáveis que muitas vezes nada custam.
Como caminhar pelas ruas de mãos dadas ou andar de bicicleta num parque, correr e brincar ao lado de uma criança, olhar o pôr do sol com alguém que amamos ter uma boa conversa enquanto se prepara uma refeição, comer todos sentados à mesa, ouvir histórias de nossa família e de tudo o que passaram para chegar até aqui, ler um bom livro juntos, visitar alguém doente, ajudar um idoso, servir pessoas, fazer a diferença na vida de alguém.
Existem várias outras formas e maneiras de se sentir conectado com as pessoas, natureza e com o mundo, não apenas uma conexão virtual, mas uma conexão real e verdadeira, as pessoas mais felizes que podemos encontrar no mundo, são aquelas que estão engajadas em ajudar os outros e tornar o mundo um lugar melhor, são as que valorizam os que estão a sua volta, são as que não usam fones de ouvido, porém conseguem ouvir os gritos mudos, silenciosos da alma, são pessoas que não andam por ai de cabeça baixa, elas olham nos olhos e conseguem ver o coração e o sentimento do outro.
Suas mãos não estão ocupadas com algum aparato tecnológico, mas estão ocupadas a serviço de alguém, são mãos que trabalham para servir e tornar o mundo melhor, são pessoas que não estão contentes em estar bem, mas visam também deixar as pessoas melhores do que quando as encontraram.
São pessoas que realmente vivem, que são felizes e satisfeitas com o que tem e com quem são, não precisam ter milhares de amigos dentro de uma caixa ou presos numa rede, pois onde essas pessoas passam sua presença fica marcada, seu toque é percebido, uma nova conexão real de amor é feita, e assim por viverem de forma plena mudam e melhoram a vida das pessoas e fazem do mundo um lugar melhor.
Rubens Campos